quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os primeiros dias do ano têm-me levado a caminhar pelos versos de Deuteronómio. Ou muito me engano, ou estes versos vão-me falar às minhas circunstâncias em 2011.
Deuteronómio 2:7 - Pois o SENHOR teu Deus te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele sabe que andas por este grande deserto; estes quarenta anos o SENHOR teu Deus esteve contigo, coisa nenhuma te faltou.

No Capítulo 1 lemos que o povo desobedeceu a Deus, como? Rebelando-se conta Deus, murmurando  e acusando-O de os querer destruir.  Por causa disso Deus os fez andar 40 anos no deserto.
É bom que olhemos para dentro de nós, percebamos a natureza de Deus, como Ele é santo e nós pecadores. "Não há um justo, nem um sequer". Deus castiga efectivamente, no final desses 40 anos, com excepção de Caleb e Josué, nenhum membro do povo que pecou está vivo, é uma nova geração, os seus filhos, que entra na terra prometida.
Mas, atenção. Deus castiga, Deus pune o pecado, não passes por cima desta verdade,  por muito negra que te possa parecer. Mas ainda no meio da Sua ira vemos a Sua graça. Relembra-te de Génesis 3, relembra a narrativa de Noé, entre outras.
O verso acima escrito, mostra que no meio do castigo Deus abençoou o povo. Talvez por isso tenham demorado 40 anos no deserto. Deus podia ter morto ali os que haviam pecado, mas os filhos haveriam de crescer e os que pecaram foram morrendo, como que seguindo o curso natural da vida, longe da benção inicial de Deus, ainda que sendo abençoados por Deus, no deserto. No deserto Deus deu-lhes o maná, no deserto foram-no seguindo através do fogo e do fumo, no deserto não foram desamparados.
Encontras-te num deserto? Ainda aí Deus te procura e tem abençoado. Segue-O, mesmo que no deserto. Há bençãos para além das dificuldades.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Deuteronómio 1: 22-33

Então todos vós chegastes a mim, e dissestes: Mandemos homens adiante de nós, para que nos espiem a terra e, de volta, nos ensinem o caminho pelo qual devemos subir, e as cidades a que devemos ir.
Isto me pareceu bem; de modo que de vós tomei doze homens, de cada tribo um homem.
E foram-se, e subiram à montanha, e chegaram até ao vale de Escol, e o espiaram.
E tomaram do fruto da terra nas suas mãos, e no-lo trouxeram e nos informaram, dizendo: Boa é a terra que nos dá o SENHOR nosso Deus.
Porém vós não quisestes subir; mas fostes rebeldes ao mandado do SENHOR nosso Deus.
E murmurastes nas vossas tendas, e dissestes: Porquanto o SENHOR nos odeia, nos tirou da terra do Egito para nos entregar nas mãos dos amorreus, para destruir-nos.
Para onde subiremos? Nossos irmãos fizeram com que se derretesse o nosso coração, dizendo: Maior e mais alto é este povo do que nós, as cidades são grandes e fortificadas até aos céus; e também vimos ali filhos dos gigantes.
Então eu vos disse: Não vos espanteis, nem os temais.
O SENHOR vosso Deus que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, conforme a tudo o que fez convosco, diante de vossos olhos, no Egito;
Como também no deserto, onde vistes que o SENHOR vosso Deus nele vos levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes, até chegardes a este lugar.
Mas nem por isso crestes no SENHOR vosso Deus,
Que foi adiante de vós por todo o caminho, para vos achar o lugar onde vós deveríeis acampar; de noite no fogo, para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar, e de dia na nuvem.


Moisés relembra o episódio do envio dos 12 espias à terra prometida. Muitas vezes, quando pensamos nesta passagem culpamos somente os 10 espias que "envenenaram" o espírito do povo, mas Moisés acusa o povo, eles não quiseram ir, eles rebelaram-se contra Deus, murmuram contra Jeová e o acusaram de os querer destruir. Deus que os livrara do Egipto de forma clara!

Já ouvi irmãos dizerem que se Deus se manifestasse de forma clara, muitos mais se salvariam. Os versos 30,31 mostram o contrário disto, o povo tinha visto a mão de Deus na sua saída do Egipto e dependera da sua direcção no deserto, tinha provado o maná dado pelo Senhor, mas nem isso os livrou da descrença, da murmuração, do desespero. Quando Cristo curou os 10 leprosos quantos voltaram? Quando Cristo agia milacurosamente, qual a reacção dos fariseus e outros? A salvação vem pela fé e a fé é dom de Deus.
Esta passagem nos avisa para olharmos cuidadosamente pelo nosso relacionamento com Deus. Buscá-lo diariamente, atentando para a nossa natureza pecaminosa e reconhecendo a necessária dependência de Deus.

Um bom dia.

Um bom excerto sobre dependência, aqui.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Deuteronómio 1:2,3

Uma viagem que demorava 11 dias a fazer demorou quarenta anos. Quantas voltas e mais voltas damos pela nossa desobediência?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

"In our happiest times we do not want to die. The wish for death rises only when our suffering seems unbearable. What we really want in those times is not death, but relief."

John Piper - For your Joy

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Why Johnny Can´t Sing Hymns (1)

Gordon foi pastor a full-time durante 9 anos, conta-nos que seguia a Liturgia de Estrasburgo, de Calvino. O que é que isto quer dizer? Que o serviço era composto por uma oração de confissão corporativa e o período de louvor (o que se cantava) era composto essencialmente por Hinos. Falando das duas situações, Gordon mostra a dificuldade de escolha, o que seria apropriado para determinado culto e uma preocupação em escolher hinos. I can honestlyy say that I never selected a hymn that was heterodox or unlawful. Gordon refere a importância e conteúdos teológicos dos hinos e a forma como falam às nossas circunstâncias. Neste ponto estou de acordo com Gordon, a escolha feita nas nossas igrejas baseia-se, por vezes, mais no estilo e sentimento que determinado hino possa causar do que no significado e aplicação desse mesmo hino. Gordon vai mais longe e faz um comentário com o qual não concordo, porque me parece demasiado explícito e que foge ao importante. Gordon não gosta, e não o esconde, do louvor contemporâneo (veremos porquê). Eu não tenho problemas com o estilo e a forma do louvor contemporâneo, antes com o conteúdo de algumas das músicas que cantamos, que considero teologicamente fracas, em alguns casos.
But we rarely find a similar awareness of the rationale for including or excluding contemporary worship music.
A posição de Gordon baseia-se na descrição da música e cultura pop como criadas com propósitos comerciais. O objectivo de qualquer actividade comercial é que compremos determinado produto, nunca questionar se e porquê o devemos fazer. Daí que a conclusão seja a de evitarmos dar como razão para termos um louvor contemporâneo a questão do gosto.

Gordon analisa algumas passagens bíblicas que têm a ver com a "Casa de Deus" e o facto de sermos "Templos de Deus" (I Tim.3:14-15; I Pedro 4:17; I Coríntios 3:16-17; II Coríntios 6:16 e Efésios 2:21)
House of God, biblically, is redemptive, and communicates nothing less than the reversal of the curse-banishment of Genesis 3, and the restoration of a once-banished race to the presence of its Maker. (...) For this assembly to be designated by God as his house is itself a redemptive truth of uncanny importance, indicating that the dwelling-place of God is again with humans. For this reason, then, no discussion about what takes place in the House of God is insignificant (...) but every aspect of the house of God is significant, including how it worships God in song."
O autor foca de seguida a importância da adoração e louvor na Bíblia, realçando várias passagens que contêm hinos/canticos e o facto de termos na nossa Bíblia um livro dedicado a cânticos de louvor e adoração.
"Song is the divinely intituted, divinely commanded and divinely regulated means of responding to God´s great works of creation, preservation, and deliverance. Worship song is both the remarkable privilege and the solemn duty of the redeemed.
Este é o ponto de Gordon e a base para discutir o louvor como uma forma de entretenimento . Para Gordon devemos tentar distinguir entre música e música sacra/de louvor, assim como distinguimos falar em público de pregar. Claro que Gordon acha que a música de louvor é música, mas coloca-a numa categoria à parte.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Why Johnny Can´t Sing Hymns

Why Johnny Can´t Sing Hymns - How Pop Culture Rewrote the Hymnal
T. David Gordon

Este livro de T. David Gordon não é mais um livro de louvor, o seu escopo é mais específico e discute uma coisa, o problema da tradição cristã ter quase que sucumbido à contemporaneidade do louvor actual. O que o distingue não é tanto o seu escopo, mas a discussão que faz sobre a cultura, formas de entretenimento e a forma como coloca a Igreja neste contexto.
Gordon tem pontos interessantes, mas preconceitos fortes e aplicações que pelo menos para mim são complicadas de concretizar. Tem, no entanto, a capacidade de nos fazer pensar sobre estas questões.

Gordon ensina media ecology no Grove City College. Ensina o quê? Media ecologists look at all media in a particular way. They view media both as social constructs (things that reflect cultural values) and as social constructors (things that shape cultural values). Media ecologists tend, therefore, to ask a range of questions that others do not. They tend, for example, to view pop culture itself as a medium, something created by a culture that, in turn, shapes the culture in particular ways (P.9)
Esta é, então, parte da base teórica para perceber a estrutura do livro. Gordon é pastor, presbiteriano, e esse aspecto poderá explicar o restante (não é uma crítica, mas sabemos que as denominações ou tendências teológico-doutrinárias se apegam a determinados pontos de vista para explicitar as suas opiniões. O que quero dizer com esta frase é que a opinião poderia seria distinta fosse o autor (neo)pentecostal ou arminiano).

O autor afirma que a contemporaneidade é um valor implícito na nossa cultura, ouvimos música onde quer que estejamos (carro, emprego, lojas, através de uma série de dispositivos que possuímos ou que nos é dado o acesso, quer queiramos ou não - a ubiquidade da música na nossa sociedade é um dado indesmentível), para ele esta predominância de música contemporânea faz com que, em larga medida, as novas gerações ignorem a música que as antecedeu, talvez não em décadas, mas sem séculos. O verbo ignorar tem aqui um duplo sentido, ignoram no sentido de desconhecem, ou quando conhecem passam por cima dela, não a entendendo ou gostando.
Gordon descreve a postura de algumas igrejas (enquanto corpo) em momentos de louvor como similares à postura em concertos nos anos 60. The sixties is the watershed: everything before the sixties is "old"; everything after is "contemporary". (p.13)
O que Gordon quer dizer é que a maior parte da música que ouvimos é pop e tomamos este género como o único tipo de música que existe, quando ouvimos algo que não segue as mesmas regras, achamos estranho e não nos parece música, pelo menos música que queiramos cantar ou ter nas nossas igrejas.
Gordon pretende que entendamos o seu livro como descritivo, mas confessa que que muito dele é prescritivo e proscritivo. My goal is to explain why we have a preference for music that is often literally, theologically, or musically inferior, and i cannot do this by merelly asserting that much contemporary worship music is inferior" (p.15)

É então este livro que nos acompanhará nos próximos dias. Sintam-se livres de comentar e discutir alguns dos pontos referidos ou feitos por mim.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Adoração e louvor

Neste momento há poucos assuntos que me interessem mais do que aqueles relacionados com adoração e louvor. Tenho uma série de livros sobre o assunto e estou a ler dois ou três desses livros.
O meu interesse sobre a questão parte, provavelmente, da consciência das alterações efectuadas na minha igreja e das opções tomadas.
Alguns acham-me demasiado conservador, outros argumentam que é uma questão de gosto, uns concordam comigo mas sem grande convicção, já que concordam com as opiniões contrárias. Não pensem que no tocante a esta questão pense que seja tudo uma questão de gosto ou de opinião, penso que há princípios claros na Palavra que nos indicam que nem tudo é deixado ao gosto de cada um.

Clarificando:

- será igual ter membros na equipa de louvor que não sejam crentes ou que publicamente ainda não tenham dado esse testemunho? Ou nas palavras de Tozer, somente o crente adora.
- pessoalmente, o estilo não me incomoda, tenho encontrado autores que desconfiam de determinados instrumentos, ainda não tomei uma decisão acerca disso.
- mas se o estilo é quase sempre secundário (ainda que dependa do que se toca e da forma como se toca), o conteúdo não é, pelo menos para mim. Sinto que muitas vezes, estamos a cantar pouco mais do que mantras, pequenas frases com conteúdo teológico curto, durante grande parte das nossas reuniões.
- o louvor é a parte central dos nossos cultos? Quanto tempo dura o louvor e quanto tempo dura a pregação, leitura da Palavra e oração?
-seria capaz de estar numa igreja sem louvor? Conseguiria estar numa igreja sem pregação? São duas perguntas "parvas", mas como já ouvi respostas "parvas", coloco-as aqui.
- será que a emoção e "os encontros com Deus" que alguns têm através do louvor são bíblicos? Qual o objectivo do louvor? O que é louvor e adoração?
- quantas pregações já ouvi sobre louvor e/ou adoração? Tenho sido ensinado como praticar estas duas áreas da vida cristã? O meu/teu pastor já pregou sobre princípios relacionados com estas duas áreas?
- sinto que por vezes há menos problemas em discutir questões teológicas, até de uma forma dura, mas que há um cuidado quase temeroso em discutir a adoração e louvor.
- que preparação teológica tem o líder de louvor e os músicos? Precisam de ter ou bastam ser bons músicos?
- deverá haver ligação/comunicação entre a equipa de louvor e o pastor/pregador? Haver um cuidado nas escolhas feitas, tendo em conta a mensagem que vai ser pregada?
- qual o papel da comunidade/igreja? Muitas vezes estou na congregação e não os oiço cantar, não estou a ouvir a congregação a cantar, mas a equipa de louvor. É isto lícito? Bom? Um erro?
- Não critico os cuidados/preparação musical, mas critico a falta de cuidados com a letra. Quantas vezes tenho olhado para as letras projectadas na tela e vejo erros ortográficos, de pontuação, de sentido. São estas coisas de pequena importância?

Estas são algumas das questões que me levam a procurar aqui e acolá livros sobre este assunto. Confesso que nem sempre concordo com as premissas e conclusões daqueles que parecem estar do "meu lado". Este facto só mostra como somos distintos e como estas duas questões mexem com muita coisa.
Por isso, sim, algumas das leituras serão sobre louvor e adoração, o próximo livro que comentarei aqui será sobre isso mesmo.

Até amanhã.